sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Falando em solidariedade.


Está difícil ver gente solidária por aí né? Tá tão difícil que tem até programa de televisão com quadro que incentiva a solidariedade. Vocês já viram aquele quadro do programa do Luciano Huck que se chama X1000 (de vezes mil). É assim: um ator interpretando alguém precisando de ajuda é largado em um lugar de grande circulação de pessoas, câmeras ficam escondidas filmando tudo o que acontece de modo que a população em torno não perceba que é uma "pegadinha". O primeiro transeunte que for solidário com o ator recebe como prêmio em dinheiro a quantidade de reais em moeda que tiver consigo naquela hora multiplicada por MIL. Exemplo: se o transeunte solidário está carregando 20 reais em moeda naquela hora recebe uma bolada de 20 mil reais. Acredite se quiser já teve gente ganhando 84 mil reais nesse quadro. Talvez seja uma boa hora de carregar o seu porquinho na mochila, e sair pelas ruas da cidade dando uma de escoteiro!

Eu sou fã do Luciano Huck e de seu programa Caldeirão pois julgo que em sua grande parte, os quadros desse programa fazem o que podem para ser educativos nunca perdendo seu ar lúdico. Um exemplo indiscutível desse minha opinião foi a competição Soletrando.

Mas a verdade é que não sei até que ponto esse incentivo é positivo. Outro dia eu estava com o meu filho passeando por aí e ele viu um ceguinho tentando atravessar a rua. Meu filho então me puxou pelo braço e disse:
- Cara vamos ajudar o ceguinho atravessar a rua?
e eu respondi:
- Hoje não filho. Estou sem moedas!
Vê se pode?

Vou relatar outro absurdo que aconteceu comigo. Outro dia voltando do trabalho a pé por volta as 19 da noite, passando pela Av. Salvador Alende na altura do Rio Centro, esbarrei com 2 caras, um com sotaque de São Paulo e outro com sotaque da Bahia, eles diziam estar perdidos e precisando de ajuda para se orientar e chegar em casa. Automaticamente eu ia aplicar o protocolo padrão de ajuda para estranhos em lugares escuros e ermos, traduz-se, fingir que estou com muita pressa, apertar o passo e sair andando. Mas antes que parassimpático desse cabo da situação, lembrei do quadro X1000. Como aquela região é bem próxima ao PROJAC pensei: "É hoje que eu faturo.". Parei para dar aquela ajuda "despretensiosa". Resultado: levei porrada, roubaram o meu celular e comeram o meu CÚ. O mais triste foi que demorou a cair a ficha. Pense no sujeito imobilizado, com as calças arriadas no joelho e procurando em volta pra descobrir cadê a câmera escondida.

Estou de zoa! Exagerei um pouco para ficar mais engraçado. Quem me conhece sabe que eu morreria mas não entregaria o c... celular.

Pois é esse tipo de solidariedade não tá com nada e eu tive o que mereci.